terça-feira, 15 de novembro de 2011

Neide, o ouro em verde e rosa



Neide Gomes Santana era no dia-a-dia mais uma moradora do morro, uma mulher da Mangueira que lutava pra vencer as dificuldades da vida, como qualquer outra mulher de lá, porém, quando o assunto era Estação Primeira de Mangueira, Neide deixava de ser igual pra, segundo suas palavras ser “o ouro da escola, a dama do carnaval”. E assim era Neide quando pisava o asfalto da passarela: altiva, imponente, olhar determinado e com um sorriso que fazia qualquer um se encantar. Ela dançava e o mundo inteiro parava para vê-la, Uma magia nos tomava e, ao contrário do que realmente acontecia, dava a impressão de que o mundo girava ao seu redor e de sua bandeira, aliás, a bandeira e Neide eram a definição completa da palavra perfeição: Neide era a rosa e sua bandeira a folha que tremulava ao sabor do vento. Era lindo poder ver e sentir o amor e o orgulho que ela tinha por estar ali. Via-se a realização do sonho de toda menina do morro que sonha em um dia ser a rainha do desfile da escola. O encanto se repetia a cada ano: Neide dançava, o povo aplaudia e ela respondia com vigor e o sorriso de quem sabia ser a dona do carnaval. 






Roxinho e Élcio PV foram um dos que tiveram o prazer de fazer par com ela, mas foi dançando com Delegado que Neide formou a dupla que é considerada por muitos como a melhor de toda a história do carnaval.






Ela trazia consigo a convicção de que uma porta bandeira nunca devia trocar de escola, por maior que fosse a oferta. Certa vez, quando perguntada pela jornalista Lena Frias sobre uma possível troca de bandeira, ela respondeu: “Eu não posso. eu nunca consegui nem pensar em sair em outra escola que não a minha. Se alguém me pagar pra desfilar, aí já é obrigação. Estarei sendo uma empregada e porta bandeira não pode ser empregada de ninguém. Ela é a dona do ouro do carnaval, ela é a soberana que representa seu povo, é a bandeira do povo. Como é que a bandeira do povo pode prestar vassalagem a alguém?”. Assim era Neide, a primeira e única, a soberana dona de cinco “Estandartes de Ouro” consecutivos, na época a mais importante e respeitada premiação do carnaval, feito inédito até hoje.

Pessoa de ótimo humor que era chegou a dizer que quando envelhecesse não iria pra ala das baianas, e sim pra bateria. Infelizmente Neide nos deixou pra ir dançar com os anjos em 1981, mas até hoje faz brotar lágrimas nos olhos de quem a conheceu sempre que seu nome é citado.

Um comentário:

  1. Lucas Renato e Thainara Matias:

    Fico muito envaidecido ao ver que gostaram de um texto de minha autoria, só gostaria de solocitar-lhes, que ao colocar textos e artigos em seus blogs, procurem coloca-los NA ÍNTEGRA e dar os devidos créditos, até para evitar complicações (não no meu caso em particular, mas o texto foi FAZ PARTE DA TORCIDA ORGANIZADA NAÇÃO VERDE E ROSA). Espero que não levem a mal, mas é chato ver algo que fazemos não ter o devido reconhecimento. Boa tarde!

    CARLOS MUMU OLIVEIRA
    DIRETOR DA TORCIDA ORGANIZADA NAÇÃO VERDE E ROSA E AUTOR DO TEXTO ACIMA, DE TÍTULO ORIGINAL "NEIDE, A DONA DO OURO DO CARNAVAL"

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