segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Origem da dança de um casal mestre-sala e porta-bandeira

    Historicamente a dança do Mestre Sala  e da Porta Bandeira é sem dúvida formada na época da escravidão do povo africano. Onde se uniram as danças dos ritos e rituais aos orixás(pois é indiscutivelmente a dança característica desta etnia) pela apreciação dos negros escravos pela dança da corte européia, que analisavam cuidadosamente(quando podiam) os passos dos nobres, que bailavam ao som do Minueto, e após, na senzala, esses negros repetiam, de sua forma a dança vista na casa grande, caricata, pois diferente dos seus senhores e senhoras, não praticavam nem freqüentavam as aulas de dança, para os famosos saraus.
    Mais adiante os saraus em terras brasileiras ganham expectadores muito atentos que, da senzala, apreciam os gestos feitos pelo mestre de cerimônias na abertura dos salões e condução dos casais. A seguir montam sua própria roda de dança e jocosamente, refletem todo o gestual, numa caricatura da corte. Por conseguinte as vestimentas do Mestre Sala e da Porta Bandeira se inspira na indumentária da época. E os passos do casal jamais lembra o samba, mas a aristocrática dança dos salões.  
    Até o início dos anos 30, a porta bandeira precisava de proteção, sendo a personagem mais visada nas disputas entre as Escola de Samba, por estar na guarda do pavilhão, galhardão maior. Um Mestre Sala  de uma escola rival, com uma navalha tentava se aproximar da Porta Bandeira para retalhar a bandeira ou o estandarte. A partir daí, os sambistas passaram a confeccionar tanto a camisa do Mestre Sala  quanto a bandeira em cetim ou seda dificultando o corte. A partir de então a luta passou a ser simbolizada: um Mestre Sala  tomava a mão da Porta Bandeira da escola adversária. Ela seguia dançando até a sede do vencedor, obrigando o seu Mestre Sala a acompanha-la para uma resgate amigável.
    Esta história vem desde os primórdios das escolas de samba, quando estas eram chamadas de ranchos carnavalescos, e a dupla era conhecida por baliza e porta estandarte.
O baliza, hoje Mestre Sala , tinha a incumbência de defender sua companheira e o estandarte por ela carregado, uma vez que esta peça corria o risco de ser arrebatada por componentes de outros grupos desfilantes rivais.O “roubo” ocorria, normalmente, no clima da euforia momesca, quando as agremiações se apresentavam e os Mestre Salas, desenvolvendo o bailado se descuidavam da proteção da Porta Bandeira.As Porta Estandartes, hoje Porta Bandeiras, contavam ainda com outro tipo de proteção(os chamados porta machados), exercidas por garotos que ficavam ladeando a “protegida”. A garotada foi aos poucos sendo substituída nas escolas de samba pelas chamadas “bainas-de-linha”, na verdade homens fantasiados de baiana, com navalhas presas às pernas, que ficavam nas laterais das escolas exercendo a função de protetores.
    A partir da oficialização das Escolas de Samba, o Mestre Sala e a Porta Bandeira tornaram-se os principais personagens da escola que defendem.
Ramon Carvalho


2 comentários:

  1. Obrigado pelo registro e pela referência. Em breve vou publicar material com mais aprofundamento teórico. Abraços! #ramãocarvalho.

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